Apressadinhos
Era a regata Ele & Ela, e o “cara” correu com a Gabriela. Ficaram, eu sei, a semana toda dizendo que iriam tirar um dia para treinar com o balão, mas nada de nada. Só fui pra água pouco tempo antes da largada. O vento tava pra mim. E pra eles também, já que subir e controlar o balão com apenas dois a bordo não é assim tão tranqüilo. Éolo precisava dar uma força para a dupla, e deu. Norte/nordeste fraco, fui levado até o meio do canal na baía Sul e subiram minha linda e leve vela verdinha. Navegaram uns poucos minutos, baixaram o balão e tentaram voltar para alcançar a linha de largada. Uma correnteza dos diabos não queria me deixar andar só com a vela grande e ligaram o motor. Tá legal meu motorzinho...
Depois de dar uma boa ajeitada no convés, colocar cada cabo em seu lugar, preparar o pau de spinaker, passar o balão bem direitinho e me colocarem numa boa posição, assim, meio de travéz com a linha de largada, contaram o tempo e, faltando menos de 20 segundos para a largada, a ordem: sobe o balão! De minha parte, fiz o que pude. Nada travou a passagem da adriça e o tope subiu rápido, caçado pela Gabriela que ao mesmo tempo liberava o punho de barlavento de dentro da cabine. O “cara” deu rumo, caçou a escota de barla, regulou o pau de spineaker, travou a de sota e naveguei bonito para a linha.
A direita, eu na frente de todos. Tem mais fotos no site da FCVO
A esquerda, eu voltando...(Sergio Vignes/FCVO)
A pior coisa que se pode ouvir após uma largada é seu nome ser pronunciado no rádio. E me chamaram... e isto significa que me colocaram do outro lado da linha antes da hora. Os irresponsáveis não levaram em conta a força da correnteza e queimaram a largada. A volta foi lamentável. Primeiro tem que baixar o balão e depois voltar contra o vento e a correnteza, derivando para a direita e avançando devagar. Eu pra cá, todos pra lá. Um martírio, uma vergonha. Me fazem passar por cada uma... E lá fui eu cruzar a linha ao contrário para poder retornar à raia.
Lamenta daqui, reclama dali, contornaram a bóia, subiram o balão de novo e parti para caçar os que estavam por perto. É que a tal da correnteza aprontou para outros também. Mas os da frente, os que fizeram a coisa certa, estavam disparados, velejando orçados lá pros lados de São José, baía adentro. Por aqui, deixei o Maikaii e, na seqüência, o Stela del Fioravante, ambos por barlavanto, o que me deixou bem feliz. O melhor rumo colocava minha proa na Ponta do Tomé até que uma rondada de norte para leste/nordeste, que os de bordo notaram rapidamente, resultou num jaibe que me apontou diretamente para a Ilha do Largo. Fui o primeirão a fazer a manobra que me devolveu para a regata. Lá na frente estavam alguns dos barcos que sempre competem comigo a eu estava muito a fim de alcançá-los. Devagar, caçando o vento e regulando os panos, me aproximaram deles. Primeiro o Tamuré e o Travessia, já lá para os lados do aeroporto, com a Ilha do Largo a boreste. Brigamos um pouquinho por ali, e numa manobra acertada, deram mais um jaibe e deixaram os dois se engalfinhando enquanto eu me afastava para o meio do canal onde encontrei o Tigre e o Trinta Reis.
Esta adriça pouco caçada era para aproveitar o vento fraco ou é simplesmente mais um erro?
Vento fraquinho, cada rajada tinha que ser aproveitada ao máximo, o que fazia com que nem sempre fosse possível velejar no melhor rumo. Mas os de bordo desta vez acertaram bem mais do que erraram e, mesmo tendo largado bem atrás desta turma toda, chegamos na Ilha junto com grande parte dos que optaram pelo outro lado da raia. A passagem pela do Largo foi emocionante, junto com o Açores, o Tinguá, o Kiron, mais os que estavam por ali comigo. O Trinta Reis encontrou uma laje e ficou parado algum tempo. Na saída da ilha, meio encoberto pelas velas do Tamuré, o cara resolve cambar para o meio do canal, para onde foram o Açores, o Kiron e o Tinguá. Tudo bem, fiz uns peguinhas legais por ali, e nos demos bem. Mas lembram do início lamentável da regata? Lembram que largaram escapado e culparam a correnteza. Lembram que só consegui voltar para a linha depois de lutar contra a maré?Na Ilha do Largo, com o Açores na frente e junto do Tamuré e do Travessia
Pois é. Ele não lembrou. A corrente que deu trabalho na largada foi a mesma que ajudou a chegar até a ilha. E é a mesma que continua forte no meio do canal, que é exatamente para onde me levaram. Raios. Lá dentro, grudado na Ilha de Santa Catarina, os outros navegam limpinho, e eu aqui no meio. Andei mais do que o Açores, não deixei o Kiron escapar, mas quando cruzava com o Tamuré e com o Travessia, eles estavam na frente. Quando voltava, estavam mais na frente ainda. Ou seja: mais uma vez, escolha errada. Com a coisa já mais ou menos definida, restava não deixar o Amalfi, que também estava sempre por perto, escapar. Mas eu acho que ele está como eu estive um tempo atrás, com o mastro desregulado, assim, meio de lado. Sempre que andávamos para a direita, ele era mais rápido. Quando cambávamos para a esquerda, eu andava mais, bem mais. Daí, depois de errarem duas vezes, acabaram acertando no final. Me levavam para bordos curtos de um lado, mais longos para o outro, sempre marcados pelo Amalfi. No final, minutos suficientes na frente do Delta 26 para garantir o resultado também no tempo corrigido. Não sei o que isto significa, nem quero saber. Para mim basta chegar na frente, coisa que quase sempre ficam me devendo.
2 Comments:
cordinha? tsc.. tsc... esses grandões não tão com nada! eu, com meus humildes 23 pés, só possuo cabos.
veleiro sophos (fast 230)
mas tirando este pequeno pecado náutico, gostaria de parabenizar o barco. ele é muito bonito e eu lhe desejo ótimos ventos.
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