sábado, setembro 05, 2009

Byby

Desde junho de 2008 o barco mudou de nome e de dono. Agora ele se chama Vendaval 5 e pertence ao Comandante Edmar Nunes Pires, o Ed.

segunda-feira, maio 12, 2008

Apressadinhos

Inacreditável, ridículo, absurdo! Não é que largaram escapado? Como podem, como podem, meu Zeus? Nem mesmo depois de terem feito sete largadas, uma atrás da outra há uns poucos dias, como contei antes, ainda se dão ao luxo de errar. Tudo bem que se recuperam legal antes de errar de novo da volta da Ilha do Largo, mas queimar largada, principalmente em popa, eu não admito! Que vergonha!

Era a regata Ele & Ela, e o “cara” correu com a Gabriela. Ficaram, eu sei, a semana toda dizendo que iriam tirar um dia para treinar com o balão, mas nada de nada. Só fui pra água pouco tempo antes da largada. O vento tava pra mim. E pra eles também, já que subir e controlar o balão com apenas dois a bordo não é assim tão tranqüilo. Éolo precisava dar uma força para a dupla, e deu. Norte/nordeste fraco, fui levado até o meio do canal na baía Sul e subiram minha linda e leve vela verdinha. Navegaram uns poucos minutos, baixaram o balão e tentaram voltar para alcançar a linha de largada. Uma correnteza dos diabos não queria me deixar andar só com a vela grande e ligaram o motor. Tá legal meu motorzinho...

Depois de dar uma boa ajeitada no convés, colocar cada cabo em seu lugar, preparar o pau de spinaker, passar o balão bem direitinho e me colocarem numa boa posição, assim, meio de travéz com a linha de largada, contaram o tempo e, faltando menos de 20 segundos para a largada, a ordem: sobe o balão! De minha parte, fiz o que pude. Nada travou a passagem da adriça e o tope subiu rápido, caçado pela Gabriela que ao mesmo tempo liberava o punho de barlavento de dentro da cabine. O “cara” deu rumo, caçou a escota de barla, regulou o pau de spineaker, travou a de sota e naveguei bonito para a linha.

A direita, eu na frente de todos. Tem mais fotos no site da FCVO

A esquerda, eu voltando...(Sergio Vignes/FCVO)

A pior coisa que se pode ouvir após uma largada é seu nome ser pronunciado no rádio. E me chamaram... e isto significa que me colocaram do outro lado da linha antes da hora. Os irresponsáveis não levaram em conta a força da correnteza e queimaram a largada. A volta foi lamentável. Primeiro tem que baixar o balão e depois voltar contra o vento e a correnteza, derivando para a direita e avançando devagar. Eu pra cá, todos pra lá. Um martírio, uma vergonha. Me fazem passar por cada uma... E lá fui eu cruzar a linha ao contrário para poder retornar à raia.

Lamenta daqui, reclama dali, contornaram a bóia, subiram o balão de novo e parti para caçar os que estavam por perto. É que a tal da correnteza aprontou para outros também. Mas os da frente, os que fizeram a coisa certa, estavam disparados, velejando orçados lá pros lados de São José, baía adentro. Por aqui, deixei o Maikaii e, na seqüência, o Stela del Fioravante, ambos por barlavanto, o que me deixou bem feliz. O melhor rumo colocava minha proa na Ponta do Tomé até que uma rondada de norte para leste/nordeste, que os de bordo notaram rapidamente, resultou num jaibe que me apontou diretamente para a Ilha do Largo. Fui o primeirão a fazer a manobra que me devolveu para a regata. Lá na frente estavam alguns dos barcos que sempre competem comigo a eu estava muito a fim de alcançá-los. Devagar, caçando o vento e regulando os panos, me aproximaram deles. Primeiro o Tamuré e o Travessia, já lá para os lados do aeroporto, com a Ilha do Largo a boreste. Brigamos um pouquinho por ali, e numa manobra acertada, deram mais um jaibe e deixaram os dois se engalfinhando enquanto eu me afastava para o meio do canal onde encontrei o Tigre e o Trinta Reis.

Esta adriça pouco caçada era para aproveitar o vento fraco ou é simplesmente mais um erro?

Vento fraquinho, cada rajada tinha que ser aproveitada ao máximo, o que fazia com que nem sempre fosse possível velejar no melhor rumo. Mas os de bordo desta vez acertaram bem mais do que erraram e, mesmo tendo largado bem atrás desta turma toda, chegamos na Ilha junto com grande parte dos que optaram pelo outro lado da raia. A passagem pela do Largo foi emocionante, junto com o Açores, o Tinguá, o Kiron, mais os que estavam por ali comigo. O Trinta Reis encontrou uma laje e ficou parado algum tempo. Na saída da ilha, meio encoberto pelas velas do Tamuré, o cara resolve cambar para o meio do canal, para onde foram o Açores, o Kiron e o Tinguá. Tudo bem, fiz uns peguinhas legais por ali, e nos demos bem. Mas lembram do início lamentável da regata? Lembram que largaram escapado e culparam a correnteza. Lembram que só consegui voltar para a linha depois de lutar contra a maré?

Na Ilha do Largo, com o Açores na frente e junto do Tamuré e do Travessia

Pois é. Ele não lembrou. A corrente que deu trabalho na largada foi a mesma que ajudou a chegar até a ilha. E é a mesma que continua forte no meio do canal, que é exatamente para onde me levaram. Raios. Lá dentro, grudado na Ilha de Santa Catarina, os outros navegam limpinho, e eu aqui no meio. Andei mais do que o Açores, não deixei o Kiron escapar, mas quando cruzava com o Tamuré e com o Travessia, eles estavam na frente. Quando voltava, estavam mais na frente ainda. Ou seja: mais uma vez, escolha errada. Com a coisa já mais ou menos definida, restava não deixar o Amalfi, que também estava sempre por perto, escapar. Mas eu acho que ele está como eu estive um tempo atrás, com o mastro desregulado, assim, meio de lado. Sempre que andávamos para a direita, ele era mais rápido. Quando cambávamos para a esquerda, eu andava mais, bem mais. Daí, depois de errarem duas vezes, acabaram acertando no final. Me levavam para bordos curtos de um lado, mais longos para o outro, sempre marcados pelo Amalfi. No final, minutos suficientes na frente do Delta 26 para garantir o resultado também no tempo corrigido. Não sei o que isto significa, nem quero saber. Para mim basta chegar na frente, coisa que quase sempre ficam me devendo.

Quanta "cordinha"...

segunda-feira, abril 28, 2008

O jogo dos sete erros

Um dos pegas com o Ilusões, em foto da Kriz Sanz

Inventaram uma competição fenomenal que foi corrida num destes domingos que já passaram. Chamaram de meia-milha de arrancada e consistia em sete regatas curtíssimas, com largadas em contra vento e em popa, com todo mundo largando junto. Todo mundo, não, né? Contando comigo, era somente meia dúzia de barcos para as sete largadas das sete regatas.

Fiquei ansioso para participar. Já pensou? Uma largada atrás da outra, pouco tempo para me prepararem entre uma chegada e a próxima largada? Adrenalina pura. Bem, mais ou menos...

A primeira regata, com largada em contra vento, linha curta, parti por cima dos panos do Mandinga, espremido entre o lépido NEO 25 e o barco da Comissão de Regatas. Por contáveis segundos (uns 12), genoa caçada até o talo, grande no ponto, naveguei ao lado do barco do Capitão da Flotilha. Em seguida ele ganhou velocidade e me deixou somente com um gostinho de ter feito uma boa largada. Na popa a turma vinha pra cima, e maiores ou mais modernos, cruzei a linha de chegada em quarto lugar, na frente do Ulalah e do Ilusões. O Ulalah é um Delta 36, grande pra caramba, e o Ilusões é um Velamar 22, menor que eu, mas com quem eu tenho umas contas pra acertar. Ele é igualzinho ao Calufa, que o cara tinha antes de mim, e eu lembro de todas as vezes que ele gritou “saudades do Calufa” por não saber me fazer andar. Bem, a primeira eu ganhei.

Na segunda regata, largada em popa, só confusão. Ô turminha braba. Muita atrapalhação na proa. Apesar de o convés estar limpo, sem a genoa, não se acertaram com as amarras das escoltas do balão. Primeiro foi a de sotavento que soltou e depois o pau ficou pelo lado errado. O “cara” largou o leme, assumiu a proa e quando comecei a andar direito, não dava mais tempo para alcançar a flotilha e terminei num lamentável último lugar. O Ilusões em terceiro.

A terceira largada, contra-vento, larguei no meio da turma. Barcos enormes me deixavam sem a menor condição de navegar com vento limpo. Decidem dar um bordo para a direita, mas ali tinha menos vento e o rumo também não era dos melhores. Escolhas, ah, escolhas... Estes humanos... Sempre escolhendo errado, se arrependendo e eu aqui, ouvindo. Nem lhes conto... Resultado: nem lembro, mas foi lá no fim.

Esta foi uma daquelas em que cheguei por último. Mais uma foto da Kriz

A quarta regata não lembro bem, então deve ter dado tudo certo. Mas na quinta, mais uma vez em contra vento, último a largar. É que eles resolveram dar uma de pára-quedistas, só que quem estava no timão do barco que tinha a preferência resolveu não aliviar e fechou a porta: fiquei feito um otário, panejando na popa da comissão de regatas enquanto todos ganhavam velocidade em direção à linha de chegada.

A sexta foi emocionante: subiram meu balão verdinho, lindo, antes da linha e entraram grudados na bóia, com preferência. Uma largada no segundo exato, primeirão, coisa linda... Daí, de repente, pela minha direita, o Revanche, o mesmo que me empurrou pra cima da CR na largada anterior, arriba para cima de mim. Ouço os gritos de “água, água” vindo do meu convés, mas os caras do Fast 345 demoram a manobrar e o timoneiro me arribou para evitar que o barcão acertasse meu costado. Livre do enrosco, saí em popa rasa no rumo da bóia de chegada. Lá em cima, junto da CR, o Ilusões também fez uma largada perfeita e enquanto me atrapalhavam aqui em baixo, ele ganhou distância. Orcei pela popa do Fast, ainda na frente do Mandinga, barco muito rápido, do Bulimundi e do Oulalh, os dois muito grandes. De repente, sem mais nem menos, quando já estava ao lado do 22, o grandão da raia chega arribando pra cima de mim e força passagem entre nós dois, os menores. Mais uma vez o pedido de água, só que a tripulação ao lado não deu bola e eu tive que sair mais uma vez para não ser abalroado. Com isto o Ilusões abriu de novo. Faltava muito pouco para a chegada, e o timoneiro tenta uma manobra radical. Orça de verdade pela popa do Bulimundi, ganha velocidade e parte pra cima do Velamar, que tenta fechar a porta apesar de já estar em compromisso. Emocionante. A sotavento, o Jeaneau 42 com direito de orçar pra cima de mim, por barlavento sendo apertado pelo Velamar. Com mais velocidade, cruzei a proa do pequeno e cheguei grudado na bóia, juntinho do Oulalah, do Bulimindi e uns dois comprimentos de barco na frente do Ilusões. Os dois foram desclassificados pelo juiz da raia que acompanhava tudo de pertinho. Porém... regata terminada, baixar balão e... atravessada! Soltaram a escota de barlavento antes da hora e, é claro, retranca na água. Com a confusão estabelecida demoraram na preparação para a última largada.


Esta foi legal, fui buscar o Ilusões. A foto é da Jeni Andrade e está no Esportes do Mar

Saí pelo lado errado, junto da bóia, sem preferência, em direção ao lado direito da raia, exatamente contra todos os demais. Tive que deixá-los passar, é lógico, e não deu mais para alcançar ninguém. Para a minha sorte o Ilusões não largou. Rasgou uma vela e não teve tempo de partir, pois a juria só esperava 3 minutos antes de aplicar um DNS para os mais atrasadinhos.

No fim das contas, quinto lugar. Na tripulação, o “cara”; o Fabrício, que não perde uma regata; a Tina, que desta vez não trouxe a sorte de sua primeira regata comigo; a Gabriela, de volta a bordo, e o Eduardo, meu antigo dono.

terça-feira, abril 15, 2008

...continuando

Pois é, né?, daí o vento chegou. Primeiro rondou de este/nordeste para nordeste e me mandou para cima da ilha Ratones Grande. Quando ficou mais forte, ao lado o Best Felow passou a andar mais e o Tinguá começou a crescer na popa. Quando, já bem perto da Ilha, me cambaram para boreste, neveguei para cima do Manos 3, que vinha um rumo que lhe garantia a passagem pelo norte da Ilha sem precisar mudar de rumo. Ao me aproximar, quando os tripulantes identificaram o barco que estava ali na proa, me fizeram passar vergonha. Não é que pediram água para o comandante do Neo 25? Em primeiro lugar estavam sem direito de passagem, e se isto já não bastasse, a distancia entre eu o Manos 3 era grande o suficiente para que ele passasse tranquilamente pela minha proa. Pediram água e deram ruidosas gargalhadas. “Não dá para perder a oportunidade. Sabe lá quando poderemos pedir água de novo para o Manos”, disse um deles, orgulhoso por ter me feito andar mais de dez milhas na frente do rápido e moderno barco do comandante Back. Se bem que ele só estava ali por ter encontrado uma pedra na arriscada passagem entre o mangrulho verde a e ilha dos Guarazes e de ter se enrolado em uma rede de pescador. Mas tudo bem, eu andei um monte de tempo na frente dele e também estava vaidoso por isto.

Com o vento bem mais forte, o Tinguá me alcançou na praia da Daniela e por uns instantes fizemos um peguinha bem legal. Camba pra lá, camba pra cá, chegamos na Ponta Grossa, já com o Skipper fora de meu alcance. Pela popa, uns barcos que não dava para identificar também cresciam. Fiz um travez maravilhoso até perto da sede do Veleiros, em Jurerê, onde havia uma bóia para ser montada antes de seguir até a Ilha do Francês, mas o vento rondando no pé do morro dificultava a aproximação da bóia. Dali para a Ilha do Francês foi um passeio. Porém, na ilha os cara cometeram a grande bobagem da tarde. Não é que confundiram as marolas produzidas por golfinhos almoçando um belo cardume de peixes com vento junto da ilha? Abobados! Que estava bonito, não restam dúvidas, mas deu medo ver que os barcos lá de traz que desde bem antes dos Ratones não apresentavam qualquer perigo, já montavam a bóia em frente ao Clube. A beira do desespero, mudavam minhas velas de lado com as mãos, xingavam a sorte, tentavam mudar de rumo para alcançar uma marolinha daqui, outra dali.

Á sombra da Ilha, velas batendo, leme para qualquer lado, e bem devagar me arrastei em direção ao continente até encontrar uma lufadinha que encheu minha genoa. Felizmente deram uma chance para que eu ganhasse segmento antes de aproar para o norte e depois, devagar, para o leste. Ao deixara a ilha, um bordo para Canasvieiras, o encontro sempre ruim com uma escuna com um monte de bêbados dançando ao som altíssimo de um pagode de baixo nível, e rumo pra bóia.


Em foto da Kriz Sanz, os de verde, Tarcísio e João, que ficaram para receber o prêmio. Cristina e
Fabrício preferiam ir a um casamento. Os de amarelo, entregando prêmio, Alexandre Back,
Vice Comodoro do veleiros e comandante do Manos e que ouviu o pedido de água (ai, ai)
e Gláucia Gondin, que recepcionou as tripulações. ... que legendagrande.

Ao chegar, cadê o Açores? Cadê o Travessia? Cadê todo mundo? Bem, ganhei a regata. O Açores era o barco que fazia a bóia de Jurerê enquanto eu me debatia sem vento atrás da ilha do Francês. O Travessia, só apareceu mais de meia hora depois.