quinta-feira, julho 27, 2006

Em horas de almoço

Na semana passada e nesta, eu tive a oportunidade de conhecer mais um monte de gente. É que o Tarcísio, meu dono, não sei se para se desculpar por desaparecer tanto do trabalho para ficar comigo, ou por que ele é assim mesmo, meio exibido, trouxe algumas das pessoas que trabalham com ele para darmos uma volta ao meio dia.

No primeiro “passeio”, vieram a Nica, a Chris e a Fê. Acho que não é este o nome delas, mas era assim que ele e o Sérgio às tratavam. O Sérgio eu já conheço de longa data. É um dos caras que estão sempre por aqui – fazendo um furo, apertando um parafuso, cortando um pedaço, colocando uma peça, emendando um fio – estas coisas.

No segundo, vieram a Berna, a Lívia e também o Sérgio. Rapaz prestativo.

No nordestão, Chris, Fê, Nica e Tarcísio

Na primeira saída, um pau de nordeste que para eu ficar em pé e molhar as moças o mínimo possível, me foi colocada somente a genoa de tempestade. Um paninho que com vento calmo mal me tira do lugar, mas naquele meio dia, chegou a me empurrar a quase 7 nós no travéz em direção ao Clube. Coisa de louco. Foi neste dia que o Tarcísio resolveu que precisaria colocar o espalha-cabo que ostento agora lá na ponta do mastro. Como já disse, não sei se ele fez a coisa certa, se pensar somente em desempenho esportivo. Ainda não naveguei ao lado de outro barco para ver como ficou. Mas que me sinto bem mais firme, isto é verdade.

Era um sarro: o cabelo das moças não parava quieto e, desta vez, o cara não largou o leme, coisa que ele faz com a maior tranqüilidade quando gente nova sobe a bordo. Sempre dando desculpas para não ir mais longe, dizendo que se fossem mais pra lá demorariam muito para voltar, que do outro lado da ponte deveria ser como girar num liquidificador e outras bobagens do gênero, o passeio se restringiu a duas idas e voltas até perto da Ponte Pedro Ivo. Cada um comeu um sanduíche, bebeu uma lata de refri e voltaram com a promessa – do Tarcísio, não minha – de que fariam tudo de novo num dia mais aprazível. (Eu estava gostando).

Na calmaria, Berna, Líivia e Sérgio

Ontem, quarta-feira, foi o contrário. Uma calmaria, um espelho. Saí a motor e com a genoa 1 envergada. Logo em seguida ele deu o leme para a Berna (será este o nome dela? Por que ele não me apresenta formalmente para as pessoas que traz aqui? Não entendo...) e cortou o motor. Me arrastava a pouco mais de um nó, até que resolveram ligar novamente meu Volvo de 7,5 HP e atravessar as pontes para voltar em popa. Foi uma decisão acertada. O almoço tinha o mesmo cardápio. Pão e refrigerante ou suco. A Lívia me levou um pouco, a Berna outro pouco, andei sozinho outro tanto e o Sérgio fez fotos.

segunda-feira, julho 24, 2006

Todo mundo me leva...

Não, não acho ruim. Na verdade, eu gosto. Quanto mais gente me leva, mais aprende sobre mim, mais descobre minhas vontades e mais gosta de mim. Neste final de semana, quando levei o Tarcísio, a Selma e o Fabrício para almoçarem na Ponta do Sambaqui, cada um me conduziu um pouco. Já dá até para notar que cada um tem seu jeito de me tratar quando está no comando do leme. E como já disse numa das falas anteriores, ainda estamos nos conhecendo, mas, tenho certeza, vamos nos dar bem.

Selma, com atenção, no travéz da Beira-mar Norte

Tarcísio com o leme entre os joelhos

Fabrício, tranqüilo

domingo, julho 23, 2006

Todos os ventos

Domingão de inverno como um dia de verão. E com todos os ventos. Nordeste fraco na saída, calmaria e mar espelhado na baía norte, noroeste perto do mangrulho, nordestão, que rondou para leste na altura de Santo Antônio de Lisboa. O tempo todo com genoa 1 e grande aberta. Durante quase toda a navegada, os caras a bordo ficaram apertando os brandais, olhando para mastro, verificando a tensão. Acho que já estão chegando no ponto certo. Já me sinto melhor.
Mar espelhado na baía sul
As cinco da tarde, com o mar e o céu anunciando a entrada do vento sul, partimos do restaurante Restinga. E não demorou para entrar. Primeiro a tradicional calmaria logo um sudeste. Decidiram trocar a genoa, colocando a de temporal, e que fariam um rizo na vela grande. Exageraram e fizeram dois. Dai o vento parou, mas em seguida entrou forte de sul, mas eu já estava com a mestra toda aberta. Eles precisam treinar mais estes procedimentos, mas noto que levam jeito para a coisa.
Eu no Restinga, antes do vento sul, acompanhado de uma lancha e de uma baleeira
Cara, adoro contra-vento entre dez e quinze nós. Foi excitante quando passamos a Ponte Pedro Ivo e encontrei um vento sul franco, velas bem caçadas, bordo na água. Uma delícia.

Zephyrus já está com o mastro


O mastro foi colocada neste sábado, ao meio dia. As quatro da tarde já estava regulado e pronto para a primeira velejada com o novo "espalha-cabo". O trabalho foi feito pelo Tarcísio e pelo Fabrício, com o valioso auxílio dos marinheiros do clube na movimentação do pau-de-carga. Lá pelas quatro e meia saimos do clube, mas só com a genoa 2, pois eles queriam acertar as regulagens na água.

Olha só o espala-cabo, novinho em folha

Foi legal, neveguei tranquilamente, respondi bem às cambadas . Depois que os dois - Tarcísio e Fabrício - terminaram de ajeitar meus brandais, colocaram a vela grande e fomos em direção à baía Norte. O nordeste, que estava bem forte na saída, deu uma acalmada, passamos sob as pontes Pedro Ivo e Colombo Salles e retornamos ainda antes da Hercílio Luz.
Não sei muito bem como o Tarcísio vai me comadar, estamos juntos a pouco tempo e não o conheço direito, mas pelo que já fêz comigo, acho que vamos nos dar bem.
Ele me comprou em abril - estamos no fim de julho - e a maior parte do tempo até agora eu fiquei no estaleiro. Recebi umas melhorias no convés e agora resisto bem às pisadas dos tripulantes. Também ganhei um motor de centro, bem legal, por sinal. As novas anteparas para a mudança de fixação dos brandais estão legais, mas não tenho certeza de ele ter feito a coisa certa ao angular as cruzetas e abandonar os runners.
Quero deixar claro que quando quebrei a ponta do mastro não foi por represália pela retirada dos meus estais-volantes, mas, poxa, não sei como não viram antes que lá em cima a coisa já estava ruim a bastante tempo. Desculpa cara, sei que queres o melhor para nós dois. E obrigado pelo espalha-cabo, tá?
Uma coisa que gostei foi ele ter retirado aqueles adesivos enormes e estravagantes do meu costado. Ficava envergonhado de andar com as letras coloridas e espalhafatosas. Não era um barco, era um ponto de referência. Também gostei da polida, foi bem agradável.
Parece que ele gosta de correr regatas. Os ouvi conversando sobre irmos até Bonbinhas dia 5 de agosto. Tomara que dê certo. Eu fui feito para isto. Passear é bom, mas gosto de ser levado ao limite de vez em quando. Afinal, quem não gosta?
Agora tô amarrado no trapiche norte do Veleiros esperando amanhecer para dar mais uma banda pelas baías.
Cara, por favor, não demora para tirar esta cor laranja aqui das vigias. É muito feio. E não esquece de trazer uma máquina fotográfica. Vais descobrir logo logo que sou vaidoso...