sábado, setembro 16, 2006

Turminha difícil, não??

A volta foi um caos. A previsão dizia que a navegada de Bombinhas à Florianópolis seria com vento em popa e bem ameno. Mas logo na saída, a calmaria que se instalou na baía da praia da sepultura mostrava que mais uma vez o que os meteorólogos afirmaram não se concretizaria. Se ale está calmo, o vento é sul. E vento sul significa vento na cara mais uma vez. Ligaram meu motor, levantaram o ferro e saímos em direção à ponta de Bombas. Levantaram minhas velas, mas de nada adiantou. O vento era muito fraco e resolveram seguir a motor.

Meus 7,5 HP me levavam acima dos cinco nós. Nada mal e, segundo a leitura dos instrumentos, navegaríamos por umas quatro horas até alcançar Jurerê. Mas vai daí que, ainda antes da Ilha do Amendoim, o vento sul deu a sua graça. Na frente, o Carino motorava . Pela popa, vinham o Scirroco velejando e mais uns quatro barcos levados a motor. A velocidade caiu para quatro nós e o mar cresceu.

Até ai nada de mais, a não ser umas ondas que embarcavam pela proa e saiam na popa gelando a bunda dos tripulantes. A estas alturas, a previsão de chegada continuava ser de quatro horas, apesar de já termos navegado pelo menos duas horas e meia. A velocidade oscilava entre menos de dois nós, quando enfiava a proa na água gelada, a quatro nós, quando o mar dava uma aliviadinha.

Eu estava enfrentando uma entrada de frente fria com ventos que passavam, fácil, dos 30 nós. Quando a onda vinha, a proa procurava o céu e quando passava por mim, eu caia, num baque seco, em direção ao berço de netuno. E foi assim até o motor morrer. Sim, deixaram acabar a gasolina mais uma vez.

Vou subir a vela, gritou o Tarcísio já correndo em direção ao mastro para caçar a adriça da minha grande. Deu umas poucas caçadas e trancou tudo. A adriça, que estava frouxa, enrolou no espalha cabo e trancou a subida da vela. Nem para baixo, nem para cima. Sem motor e sem vela com ventão. Enquanto o Fabrício preparava a genôa, o Tarcísio lutava para dar um jeito na vela grande. Mas grande mesmo estava o mar. Genoa no alto, barco velejando contra as ondas que vinham de sudoeste e vento de sul. Trocando a inteligência – que parece andar em falta nesta tripulação – pela força, finalmente conseguiram livrar a adriça da grande. Agora eu envergava as duas velas, mas... o vento acabou. Sem motor e sem vento, abanaram para o Hot Day que passava por bombordo, conseguiram um reboque e, uma hora e pouco depois fui apoitado em frente ao Veleiros em Jurerê.

A coisa ta feia...