terça-feira, abril 15, 2008

...continuando

Pois é, né?, daí o vento chegou. Primeiro rondou de este/nordeste para nordeste e me mandou para cima da ilha Ratones Grande. Quando ficou mais forte, ao lado o Best Felow passou a andar mais e o Tinguá começou a crescer na popa. Quando, já bem perto da Ilha, me cambaram para boreste, neveguei para cima do Manos 3, que vinha um rumo que lhe garantia a passagem pelo norte da Ilha sem precisar mudar de rumo. Ao me aproximar, quando os tripulantes identificaram o barco que estava ali na proa, me fizeram passar vergonha. Não é que pediram água para o comandante do Neo 25? Em primeiro lugar estavam sem direito de passagem, e se isto já não bastasse, a distancia entre eu o Manos 3 era grande o suficiente para que ele passasse tranquilamente pela minha proa. Pediram água e deram ruidosas gargalhadas. “Não dá para perder a oportunidade. Sabe lá quando poderemos pedir água de novo para o Manos”, disse um deles, orgulhoso por ter me feito andar mais de dez milhas na frente do rápido e moderno barco do comandante Back. Se bem que ele só estava ali por ter encontrado uma pedra na arriscada passagem entre o mangrulho verde a e ilha dos Guarazes e de ter se enrolado em uma rede de pescador. Mas tudo bem, eu andei um monte de tempo na frente dele e também estava vaidoso por isto.

Com o vento bem mais forte, o Tinguá me alcançou na praia da Daniela e por uns instantes fizemos um peguinha bem legal. Camba pra lá, camba pra cá, chegamos na Ponta Grossa, já com o Skipper fora de meu alcance. Pela popa, uns barcos que não dava para identificar também cresciam. Fiz um travez maravilhoso até perto da sede do Veleiros, em Jurerê, onde havia uma bóia para ser montada antes de seguir até a Ilha do Francês, mas o vento rondando no pé do morro dificultava a aproximação da bóia. Dali para a Ilha do Francês foi um passeio. Porém, na ilha os cara cometeram a grande bobagem da tarde. Não é que confundiram as marolas produzidas por golfinhos almoçando um belo cardume de peixes com vento junto da ilha? Abobados! Que estava bonito, não restam dúvidas, mas deu medo ver que os barcos lá de traz que desde bem antes dos Ratones não apresentavam qualquer perigo, já montavam a bóia em frente ao Clube. A beira do desespero, mudavam minhas velas de lado com as mãos, xingavam a sorte, tentavam mudar de rumo para alcançar uma marolinha daqui, outra dali.

Á sombra da Ilha, velas batendo, leme para qualquer lado, e bem devagar me arrastei em direção ao continente até encontrar uma lufadinha que encheu minha genoa. Felizmente deram uma chance para que eu ganhasse segmento antes de aproar para o norte e depois, devagar, para o leste. Ao deixara a ilha, um bordo para Canasvieiras, o encontro sempre ruim com uma escuna com um monte de bêbados dançando ao som altíssimo de um pagode de baixo nível, e rumo pra bóia.


Em foto da Kriz Sanz, os de verde, Tarcísio e João, que ficaram para receber o prêmio. Cristina e
Fabrício preferiam ir a um casamento. Os de amarelo, entregando prêmio, Alexandre Back,
Vice Comodoro do veleiros e comandante do Manos e que ouviu o pedido de água (ai, ai)
e Gláucia Gondin, que recepcionou as tripulações. ... que legendagrande.

Ao chegar, cadê o Açores? Cadê o Travessia? Cadê todo mundo? Bem, ganhei a regata. O Açores era o barco que fazia a bóia de Jurerê enquanto eu me debatia sem vento atrás da ilha do Francês. O Travessia, só apareceu mais de meia hora depois.